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domingo, 25 de setembro de 2011

A distância entre o ensino e a prática

Recentemente, postamos aqui no blog um artigo sobre a possibilidade de distância entre o ensino e a prática da contabilidade. Citamos que seria publicado um artigo de um renomado autor da área, em uma revista da Paraíba.

A revista Balanço Contábil (@BContabil) já publicou o artigo e nós agora divulgamos aqui.


A universidade tem sido criticada ao longo do tempo por não ensinar conteúdos que são importantes para a prática do profissional. Alguns profissionais consideram que isto é um sinal que o ensino de contabilidade deveria sofrer uma ampla revisão. Mesmo os melhores cursos estão sujeitos a este tipo de crítica. Neste artigo, tentarei mostrar que talvez esta crítica não seja verdadeira.

Existem várias razões para que esta distância exista, mas considero que são quatro os principais fatores.
Em primeiro lugar, existem as exigências legais. Apesar do número de horas de um curso de contabilidade ser bastante razoável, acima de três mil horas, as normas obrigam que certos conteúdos sejam ministrados. Assim, parte do currículo é dedicada, por exemplo, ao ensino da língua portuguesa. A rigor o aluno já deveria dominar a língua portuguesa, pois a estudou durante anos. Estas amarras legais impedem que o projeto do curso possa estar voltado para o que realmente interessa: ensinar contabilidade.

Outra razão para acharmos que a universidade fracassa ao ensinar a contabilidade diz respeito ao tipo de conhecimento enfatizado. Já escutei muitos profissionais dizendo que alguns alunos sequer sabiam como preencher uma folha de pagamento. Mas mais importante do que apreender uma atividade mecânica, como é o caso, as boas universidades procuram ensinar como usar o conhecimento adquirido para resolver problemas mais complexos. Dedicamos horas a estudar a teoria contábil, que será útil quando estivermos diante de um problema de reconhecimento de uma receita pouco usual. Assim, é um elogio saber que a universidade não perdeu tempo ensinando preenchimento de uma declaração de imposto de renda. 

A terceira razão decorre da mudança no ambiente externo. Em muitos casos, o que o aluno aprende hoje talvez já não seja verdadeiro para quando estiver formado. Veja o caso da adoção das normas internacionais. Todos os profissionais formados antes de 2008 não tiveram nos cursos de graduação, nenhum conteúdo sobre a mudança na contabilidade que ocorreu em razão da convergência internacional. O dinamismo da prática é muito grande para ser rapidamente absorvido pela universidade. 

Talvez a principal razão refere-se ao amplo campo que é a contabilidade. Para aprender tudo de contabilidade, o número de horas é insuficiente. Um curso típico deve ter cerca de 150 horas para o ensino de auditoria; sem dúvida nenhuma, é difícil imaginar que alguém será um bom auditor com este número de horas de estudo. Isto ocorre em todas as outras áreas da contabilidade. E a cada dia o conjunto de conhecimentos da contabilidade aumenta, embora a carga horária continue a mesma. E isto é muito bom, pois indica que a área é dinâmica e está evoluindo no tempo.

Pela dificuldade da tarefa, talvez a universidade até que tem se saído bem. Entretanto, devemos reconhecer que algumas coisas poderiam ser feitas para reduzir esta distância entre o que o mercado de trabalho espera do profissional e o que os novos aprendizes estão apreendendo no curso de contabilidade. 

Autor: César Augusto Tibúrcio Silva

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